Corpo sujeito, 2025
Ilka Cyana 1'29’’
Corpo sujeito, 2025
“A descolonização é, antes de tudo, uma criação nova.” — Frantz Fanon Esta obra parte dessa ideia: criar o novo. Reescrever o corpo, reprogramar o olhar, reimaginar o humano. Subjetivo e sujeito, não objeto. É um gesto de liberação a partir de uma ferramenta da tecnologia. Busco, nos meus projetos autorais, criar imagens que dialoguem com corpo, memória, cura e ritual e sinto que estudar e trabalhar a partir da perspectiva de Fanon me fez enxergar a produção de imagem como uma zona de “reexistência”. Ele ao afirmar que o poder da imagem, da ação, da subjetividade, não apenas da teoria, é crucial, expande os meus sentidos.
Ler Fanon hoje é olhar para o racismo estrutural, as hierarquias tecnológicas e as novas formas de controle como continuidades do projeto colonial. O pensamento dele ressoa muito com o presente digital: nos algoritmos, a inteligência artificial e as imagens ainda reproduzem desigualdades históricas. E ao me debruçar nesse universo tecnológico, me sinto legítima ao chamado à imaginação: usar essas mesmas tecnologias como ferramentas de peças, cujo simbolismo é, sobretudo, a liberação estética.