DANDO PERDIDO NA MORTE, 2025

Guilherme Bretas 1’21

DANDO PERDIDO NA MORTE

inscreve-se na mesma constelação conceitual que orienta a exposição, mas desloca Fanon para outro campo simbólico: o da cultura urbana contemporânea, onde sobrevivência, risco e invenção cotidiana se entrelaçam. Aqui, um personagem com fisionomia semelhante a de Frantz Fanon reativa — não por meio de discursos ou documentos — mas através do gesto de “dar grau” na moto, as memórias insurgentes do intelectual martinicano.

A obra opera no terreno da fabulação crítica: Fanon não é retratado como figura histórica congelada, mas como força que reverbera em corpos presentes, capazes de reinscrever a radicalidade de sua crítica anticolonial em gestos populares, improvisados, profundamente encarnados.

A partir da noção de Leda Maria Martins em Performance do Corpo Espiralar, o trabalho compreende o corpo como arquivo vivo, onde memória e futuro se torcem em movimentos contínuos. O ato de empinar a moto — aparentemente banal ou marginalizado — torna-se aqui um gesto espiralar: retorno, repetição e reinvenção. É no desequilíbrio controlado, na fisicalidade extrema e no risco negociado que a obra revela como práticas periféricas também elaboram pensamento, disputam narrativa e produzem presença.

DANDO PERDIDO NA MORTE propõe que a cultura do grau é, também, uma política do corpo: uma forma de driblar a morte literal e simbólica, de inscrever potência no espaço urbano e de afirmar, contra apagamentos históricos, uma existência que desafia contenções coloniais e contemporâneas. Ao aproximar Fanon desse gesto, Bretas não cria uma analogia direta, mas sugere que certos impulsos de liberdade — súbitos, perigosos, indomáveis — atravessam épocas e corpos.

A partir da noção de Leda Maria Martins em Performance do Corpo Espiralar, o trabalho compreende o corpo como arquivo vivo, onde memória e futuro se torcem em movimentos contínuos. O ato de empinar a moto — aparentemente banal ou marginalizado — torna-se aqui um gesto espiralar: retorno, repetição e reinvenção. É no desequilíbrio controlado, na fisicalidade extrema e no risco negociado que a obra revela como práticas periféricas também elaboram pensamento, disputam narrativa e produzem presença.